por Denício Godoy
Há algum tempo um irmão na fé me enviou uma pergunta no instagram sobre qual posição era a mais coerente quanto à presença de Jesus Cristo no Sacramento do Altar: Recepcionismo ou Consagracionismo.
Para quem não é luterano e não sabe do que se trata, explico: Recepcionismo é a compreensão de que a presença real do corpo e sangue de Cristo se efetua no momento da comunhão, isto é, no momento em que eu recebo os elementos visíveis (pão e vinho) em minha boca; Por outro lado, o Consagracionismo é a compreensão de que a presença real se efetua nos elementos visíveis no momento da consagração.
O recepcionismo é uma posição que, se mal compreendida, pode dar a entender uma forma de comunhão calvinista. Eis a razão de os consagracionistas serem opostos a uma compreensão recepcionista.
O consagracionismo é uma posição que, se mal compreendida, pode dar a entender algo como a doutrina romana de presença do corpo de Cristo. Por isso um dilema dos consagracionistas é o que fazer com os elementos após a comunhão. Uns afirmam que devem ser todos consumidos, outros dizem que devem ser enterrados, outros que devem ser queimados e por aí vai. Eis a razão pela qual os recepcionistas serem opostos a uma compreensão consagracionista.
Devo esclarecer que estas duas compreensões não tratam de um cisma dentro do luteranismo confessional. São reflexões piedosas de ministros e teólogos que buscam evitar erros e excessos perigosos quanto ao Sacramento do Altar.
As preocupações dos dois lados também são as minhas preocupações. Por um lado devemos evitar uma compreensão calvinista da presença real. A ideia de que pela fé recebemos espiritualmente o corpo e sangue de Cristo é perigosa. Por outro lado encerrar o corpo e sangue de Cristo nos elementos visíveis de forma que eles não podem mais ser separados depois do uso para o qual o Sacramento foi instituído, seria muito mais do que meramente uma espécie de romanismo, mas também uma espécie de "zwinglianismo pós comunhão" (Cristo está preso no sacramento).
Sou da opinião de que a presença real se dá no momento da consagração, de forma que o que eu recebo nos elementos é o corpo e sangue de meu Senhor. Lutero diz no Catecismo Menor: "O comer e o beber, em verdade, não as podem efetuar." Com fé ou sem fé eu recebo o corpo e o sangue de Jesus. Se recebido com fé nas palavras "dado e derramado em favor de vocês" comungo Cristo e seus benefícios. Se recebido com incredulidade sou réu do corpo e sangue de Cristo pois distinguir o corpo e o sangue de Cristo é crer em suas palavras e promessas.
Também sou da opinião de que após o fim da comunhão, o pão permanece pão e o vinho permanece vinho, pois fora do uso não há mais sacramento. O vinho que sobra da comunhão deve ser descartado de forma digna, pois foi o meio pelo qual o Senhor se entregou aos comungantes. O pão restante deve ser devidamente guardado para que, nos próximos cultos, possa ser reaproveitado.
Por fim, é sempre proveitoso meditar no Catecismo:
O que é o Sacramento do Altar?
É o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo para ser comido e bebido, sob o pão e o vinho, por nós, cristãos, como Cristo mesmo o instituiu.
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