Autor: Andrews Preus
A comunhão restrita é a prática de dar a comunhão somente àqueles que foram instruídos na pura doutrina das Escrituras. Esta doutrina se resume nas seis partes principais do Catecismo Menor de Lutero. A comunhão restrita é a prática de dar o corpo e o sangue de Jesus no pão e no vinho somente àqueles que confessam esta doutrina cristã não adulterada e, portanto, juntaram-se a instrução regular desta doutrina em uma congregação que a ensina.
Esta prática é evangélica, porque seu pressuposto é que é possível e pode-se esperar que seja capaz de sustentar a pura confissão das Sagradas Escrituras. O fato de que esperamos que as pessoas concordem com o ensino do Catecismo Menor e se junte continuamente a essa confissão em uma congregação que ensina a ensina demonstra algo muito evangélico. Isso mostra que podemos saber o que as Escrituras ensinam. As Escrituras não são um livro de regras obscuras destinado a ser debatido e interpretado por um tribunal, um magisterio ou resoluções do Sínodo. Elas são a fonte clara e pura de Israel, como afirmam nossas Confissões SD Rule and Norm, (Rule and Standard SD, 3). E nós, pela graça salvadora de Deus, sabemos o que dizem (2 Tim 3:15). Portanto, insistindo que as pessoas sabem disso e confessam publicamente que isto é uma confissão de que Deus é tão gracioso que ele realmente deixa sua Palavra clara para nós.
A comunhão restrita é evangélica porque a prática supõe que a Ceia do Senhor é uma proclamação pública e evangélica. E o evangelho deve ser proclamado, não escondido debaixo de uma vasilha. Sempre que se come o pão e bebe do cálice, proclama-se a morte do Senhor até que ele venha (1 Co 11.26). Ou seja, proclamar a pura doutrina cristã da morte de Cristo, que inclui com ela todas as partes da doutrina bíblica. Isto é porque todas as Escrituras dão testemunho de Cristo crucificado para que o perdão dos pecados seja recebido mediante a fé (Atos 10.43). O que ensinamos acerca da lei, da Criação, da Redenção, como chegamos à fé e somos preservados na fé, a oração, o batismo, o ofício das chaves, a Ceia do Senhor e inclisive a mesa dos deveres - tudo isso pertence a Cristo crucificado. Negar o que as Escrituras ensinam em qualquer destas partes é um ataque de um ou outro ângulo, sobre a essência do evangelho. A comunhão restrita é uma confissão de que toda doutrina cristã está unida em Cristo. E assume que o evangelho não é uma crença privada. É algo proclamado desde o céu (Mateus 10.27).
Esta prática é ecumênica. Ecumênico significa que é a prática da igreja, a casa de Deus, extraída das Escrituras. A palavra grega para casa é oikeios, que é onde temos o termo ecumênico. É ecumênico porque é bíblico, e a igreja, a casa (oikeios) de Deus, está construída sobre a base da doutrina revelada nas Sagradas Escrituras, os apóstolos e profetas (Ef 2.19-20). Por tanto, é a prática histórica da igreja.
São Paulo repreende os coríntios (1 Co 11.17ss) por reunir-se para Ceia do Senhor enquanto há divisões entre eles. Isto os levou a abusar da Ceia do Senhor, deixando alguns com fome enquanto outros ficavam embriagados. Esta não era uma prática correta da Ceia do Senhor, e Paulo, inclusive, disse que nem sequer era a Ceia do Senhor. Isto foi devido à sua divisão. Eles não estavam de acordo sobre o que criam, como São Paulo os admoestou (1 Coríntios 1.10). Paulo, portanto, os repreende por haver divisões na doutrina enquanto que presume participar da Ceia do Senhor. Em vez disso, os exorta a que se esperem uns aos outros, ou seja, que sejam de uma só mente (1 Co 1.10b), e logo participem da Ceia do Senhor.
Como disse, porque a comunhão restrita é bíblica, também foi a prática histórica da igreja. No século II Justino Mártir escreve sobre os que são admitidos no Sacramento:
A comunhão restrita também é ecumênica porque não ignora os assuntos sérios que dividem a igreja. Promove um espírito ecumênico, que busca a concórdia na doutrina mais que a complacência. Mostra preocupação por aqueles que estão no labirinto do erro ao invés de dar-lhes a diabólica impressão de que a falsa doutrina que professam não é realmente perigosa.
A comunhão restrita é evangélica e ecumênica.
A comunhão aberta varia de congregação para congregação. No geral, implica comunicar àqueles que podem aceitar sua declaração de comunhão, a qual pode ou não confessar claramente a presença substancial do corpo e do sangue de Cristo no pão e no vinho. No máximo está baseada na confissão pessoal do comungante, mas não leva em consideração o lugar onde esse comungante assiste regularmente a igreja. Em outras palavras, não toma em consideração o que o comungante confessa publicamente em outros domingos. A comunhão aberta é legalista e sectaria.
A comunhão aberta é legalista. Legalismo é quando depente de regras, sejam elas de divinas ou feitas pelo homem, para a comodidade e certeza. A comunhão aberta é a intenção de cumprir a lei do amor. Aqueles que a praticam podem ter frequentemente alguns motivos genuinos, pensando que estão amando os seus vizinhos que estão presos no erro. Porém, estão tentando usar a instituição de Deus de uma maneira que Deus não deu para usá-la. Frequentemente, sem saber, tratam de ganhar seus irmãos errantes por medo de proclamar que não estão em grave erro. Com seus esforços realizam o que Cristo ordenou. Eles tem amado os seus irmãos. Ou o que pensam! Porém, na verdade, estão ensinando a seus irmãos errantes a não evitar a falsa doutrina. Portanto, lhes estão ensinando que cumpriram um certo padrão, por menor que seja, que os fazem aptos para receber o Sacramento. A comunhão restrita se pratica com o entendimento de que somente a fé na promessa do corpo e do sangue de Cristo faz que alguém seja digno. Portanto, instrui o comungante a depender de cada Palavra que vem da boca de Deus. A comunhão aberta instrui o comungante a apoiar-se na sua própria compreensão defeituosa da Palavra de Deus. A comunhão aberta instrui alguém a confiar em sua própria piedade, mais do que em todo o consenso de Deus (Atos 20.27).
A comunhão aberta é legalista, porque trata a instrução como uma lei que se cumpre quando faz que alguém seja digno da Santa Ceia. Aqueles que promovem a comunhão aberta frequentemente assumem que os que praicam a comunhão restrita são legalistas. Isto acontece porque não entendem que a instrução, ou doutrina, é principalmente evangélica. Eles consideram a doutrina como uma carga. Assim que, irônicamente, em sua intenção de não serem legalistas, estão tratando a doutrina como um livro de regras, que devemos reduzir ao nível mais baixo e mais alcançável.
A comunhão aberta é sectária. Se legalista se opõe a evangélico, então sectário se opõe a ecumênico. Ser sectário significa que alguém não se preocupa pelo acordo na doutrina, senão pelo acordo em outro propósito construido por alguma instituição humana. Frequentemente as pessoas afirmam que estamos obrigados como um sínodo a "caminhar juntos", jogando com a etimologia da palavra "sínodo", o que realmente significa uma vocação, reunião, convenção, consenso, etc. É certo que os membros de uma conferência, sínodo, estc. devem obrigar-se a confessar a mesma fé. Mas, é isto que as pessoas sempre querem dizer? Se queremos dizer que devemos caminhar juntos simplesmente por que acordamos em comunhão, então isto é sectário. Um sectátio está mais preocupado com algum pacto humano de fazer as coisas juntos do que em confessar a mesma doutrina com outros irmãos. Aqueles que promovem a comunhão aberta podem presumir de tudo o que quiserem acerca de sua própria congregação, seu próprio sínodo e sua própria comunhão. Mas se sua principal preocupação não é a unidade na confissão da preciosa doutrina dos apóstolos e profetas, então estão construindo com uma pedra angular diferente de Cristo.
Se uma congregação comunga à pessoas sem exigir que publicamente confessem em outras congregações e altares a mesma doutrina, então esta congregação afirmou sua identidade em algo que não seja doutrina. E esta é a essência do sectarismo.
A comunhão aberta é a maneira do diabo enganar as consciências fracas para que afirmem o erro. A comunhão restrita é a maneira de Cristo em nos conduzir de novo à verdade e de nos guardar nela. Embora pareça mesquinho e injusto com nosso velho Adão, a comunhão restrita nos ensina a tomar a doutrina seriamente. E exorta a nossos pastores aguardar a doutrina que lhes foi confiada. Porque ao fazê-lo, eles salvarão a si mesmos e aos seus ouvintes (1 Timóteo 4.16).
Traduzido por Denício M. Godoy
Atualizado em 13/09/17
Publicado originalmente em http://steadfastlutherans.org, em 15 de Junho de 2016
Como disse, porque a comunhão restrita é bíblica, também foi a prática histórica da igreja. No século II Justino Mártir escreve sobre os que são admitidos no Sacramento:
E esta comida é chamada entre nós de Εὐχαριστία [Eucaristia]. da qual nada se permite participar, senão o homem que crê que as coisas que ensinamos são verdadeiras, e que foi lavado com o lavamento que é para o perdão dos pecados e para a regeneração, e que eé tão vivo como Cristo ordenou. (1ª Apología, capítulo 66)
A comunhão restrita também é ecumênica porque não ignora os assuntos sérios que dividem a igreja. Promove um espírito ecumênico, que busca a concórdia na doutrina mais que a complacência. Mostra preocupação por aqueles que estão no labirinto do erro ao invés de dar-lhes a diabólica impressão de que a falsa doutrina que professam não é realmente perigosa.
A comunhão restrita é evangélica e ecumênica.
A comunhão aberta varia de congregação para congregação. No geral, implica comunicar àqueles que podem aceitar sua declaração de comunhão, a qual pode ou não confessar claramente a presença substancial do corpo e do sangue de Cristo no pão e no vinho. No máximo está baseada na confissão pessoal do comungante, mas não leva em consideração o lugar onde esse comungante assiste regularmente a igreja. Em outras palavras, não toma em consideração o que o comungante confessa publicamente em outros domingos. A comunhão aberta é legalista e sectaria.
A comunhão aberta é legalista. Legalismo é quando depente de regras, sejam elas de divinas ou feitas pelo homem, para a comodidade e certeza. A comunhão aberta é a intenção de cumprir a lei do amor. Aqueles que a praticam podem ter frequentemente alguns motivos genuinos, pensando que estão amando os seus vizinhos que estão presos no erro. Porém, estão tentando usar a instituição de Deus de uma maneira que Deus não deu para usá-la. Frequentemente, sem saber, tratam de ganhar seus irmãos errantes por medo de proclamar que não estão em grave erro. Com seus esforços realizam o que Cristo ordenou. Eles tem amado os seus irmãos. Ou o que pensam! Porém, na verdade, estão ensinando a seus irmãos errantes a não evitar a falsa doutrina. Portanto, lhes estão ensinando que cumpriram um certo padrão, por menor que seja, que os fazem aptos para receber o Sacramento. A comunhão restrita se pratica com o entendimento de que somente a fé na promessa do corpo e do sangue de Cristo faz que alguém seja digno. Portanto, instrui o comungante a depender de cada Palavra que vem da boca de Deus. A comunhão aberta instrui o comungante a apoiar-se na sua própria compreensão defeituosa da Palavra de Deus. A comunhão aberta instrui alguém a confiar em sua própria piedade, mais do que em todo o consenso de Deus (Atos 20.27).
A comunhão aberta é legalista, porque trata a instrução como uma lei que se cumpre quando faz que alguém seja digno da Santa Ceia. Aqueles que promovem a comunhão aberta frequentemente assumem que os que praicam a comunhão restrita são legalistas. Isto acontece porque não entendem que a instrução, ou doutrina, é principalmente evangélica. Eles consideram a doutrina como uma carga. Assim que, irônicamente, em sua intenção de não serem legalistas, estão tratando a doutrina como um livro de regras, que devemos reduzir ao nível mais baixo e mais alcançável.
A comunhão aberta é sectária. Se legalista se opõe a evangélico, então sectário se opõe a ecumênico. Ser sectário significa que alguém não se preocupa pelo acordo na doutrina, senão pelo acordo em outro propósito construido por alguma instituição humana. Frequentemente as pessoas afirmam que estamos obrigados como um sínodo a "caminhar juntos", jogando com a etimologia da palavra "sínodo", o que realmente significa uma vocação, reunião, convenção, consenso, etc. É certo que os membros de uma conferência, sínodo, estc. devem obrigar-se a confessar a mesma fé. Mas, é isto que as pessoas sempre querem dizer? Se queremos dizer que devemos caminhar juntos simplesmente por que acordamos em comunhão, então isto é sectário. Um sectátio está mais preocupado com algum pacto humano de fazer as coisas juntos do que em confessar a mesma doutrina com outros irmãos. Aqueles que promovem a comunhão aberta podem presumir de tudo o que quiserem acerca de sua própria congregação, seu próprio sínodo e sua própria comunhão. Mas se sua principal preocupação não é a unidade na confissão da preciosa doutrina dos apóstolos e profetas, então estão construindo com uma pedra angular diferente de Cristo.
Se uma congregação comunga à pessoas sem exigir que publicamente confessem em outras congregações e altares a mesma doutrina, então esta congregação afirmou sua identidade em algo que não seja doutrina. E esta é a essência do sectarismo.
A comunhão aberta é a maneira do diabo enganar as consciências fracas para que afirmem o erro. A comunhão restrita é a maneira de Cristo em nos conduzir de novo à verdade e de nos guardar nela. Embora pareça mesquinho e injusto com nosso velho Adão, a comunhão restrita nos ensina a tomar a doutrina seriamente. E exorta a nossos pastores aguardar a doutrina que lhes foi confiada. Porque ao fazê-lo, eles salvarão a si mesmos e aos seus ouvintes (1 Timóteo 4.16).
Traduzido por Denício M. Godoy
Atualizado em 13/09/17
Publicado originalmente em http://steadfastlutherans.org, em 15 de Junho de 2016
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