maio 04, 2019

#FAQ - Melanchthon era Unicista?


Pergunta: Recentemente vi um blog ortodoxo citando Melanchthon como se ele fosse unicista. Fiquei com uma dúvida com relação a isso. Poderiam esclarecer se Melanchthon era mesmo unicista?

Resposta: Olá, querido amigo. Não, Melanchthon não era unicista. Melanchthon cometeu alguns erros sinergistas e no que diz respeito à Eucaristia, mas não há nenhuma evidência de que ele tenha abandonado a fé cristã ortodoxa na Santíssima Trindade. Ele é criticado por algumas alas do cristianismo por causa da seguinte afirmação: "Nós adoramos os mistérios da Divindade, e isto é melhor do que investigá-los." No entanto, essa afirmação deve ser entendida em seu devido contexto. Melanchthon não está negando a Trindade. Ele afirma que há um Mistério a ser adorado. O que ele está negando são as especulações que transcendem a Revelação Divina. É bem marcante no pensamento dos reformadores de Wittenberg que "non est biblicum, non est theologicum", isto é, aquilo que não tem fundamento nas Sagradas Escrituras não é teológico. E muito da especulação escolástica se fundamentava em especulação filosófica e não na Revelação. Essa afirmação de Melanchthon não é muito diferente do que se encontra no famoso livro "Imitação de Cristo" de Tomás de Kempis. Nega-se, então, a especulação, não a realidade do Mistério. Assim que nos deparamos com Melanchthon no 1° Artigo da Confissão de Augsburgo confessando a Santíssima Trindade:

Em primeiro lugar, ensina-se e mantém-se, unanimemente, de acordo com o decreto do Concílio de Nicéia, que há uma só essência divina, que é chamada Deus e verdadeiramente é Deus. E todavia há três pessoas nesta única essência divina, igualmente poderosas, igualmente eternas, Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, todas três uma única essência divina, eterna, indivisa, infinita, de incomensurável poder, sabedoria e bondade, um só criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E com a palavra persona se entende não uma parte, não uma propriedade em outro, mas aquilo que subsiste por si mesmo, conforme os Pais usaram esse termo nessa questão.

Rejeitam-se, por isso, todas as heresias que são contrárias a esse artigo, como os maniqueus, que afirmaram a existência de dois deuses, um bom e um mau; também os valentinianos, arianos, eunomianos, maometanos e todas as similares, também os samosatenos, os antigos e os novos,10 que afirmam uma só pessoa e sofismam acerca do Verbo e do Espírito Santo, dizendo não serem pessoas distintas, porém que Verbo significa palavra ou voz física, e que o Espírito Santo é movimento criado em suas criaturas.  (Confissão de Augsburgo, Artigo I, De Deus)

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