fevereiro 17, 2018

A Controvérsia Sinergista


O sinergismo ensina que o homem é capaz de cooperar no ato de sua conversão.

O pai do sinergismo é Melanchthon. Um teólogo sumamente dotado, incansável no trabalho, amigo dedicadíssimo de Lutero, que o estimava sobremaneira, Melanchthon, cognominado "Preceptor da Alemanha", prestou serviços inestimáveis à causa da reforma. Mas, ao mesmo tempo, também causou grandes males no seio da igreja. Faltaram-lhe duas virtudes que caracterizavam o reformador. Uma vez não possuía a mesma medida de coragem e firmeza em situações perigosas, o que o induziu a fazer concessões em assuntos de doutrina, por amor à paz e amizade.

Por outro, Melanchthon nem sempre "levava cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (1 Co 10.5), como Lutero o fazia. Por isso permitia que a voz da razão, por vezes, falasse mais alto do que a palavra das Escrituras. Não é por menos que seu nome esteve envolvido em quatro das controvérsias. 

Enquanto Lutero vivia, Melanchthon aceitava correções, ou silenciava para não desgostar o amigo paterno. Mas agora que Lutero estava morto (1555-1560), não mais usava da mesma cautela, e, em pouco tempo, talvez sem se dar conta, era considerado o líder dos luteranos liberais, os "filipistas", em distinção dos luteranos ortodoxos, os "gnésio-luteranos". Melanchthon deve ter tido momentos de inquietação, em que sentia a falta da liderança segura, pois, por causa do aniversário de Lutero, 10 de novembro de 1548, falando numa reunião de teólogos, chegou a confessar:

"A desgraça das alterações na doutrina não nos ameaçaria, se ele ainda vivesse; mas agora, não havendo ninguém que tivesse a sua autoridade; agora que ninguém adverte como ele o fazia, e muitos tomam o erro por verdade, agora a igreja está sendo destruída e a doutrina deturpada."

A primeira amostra de seu sinergismo, Melanchthon deu no "Loci", na edição de 1535, onde ele cita como causas da conversão os três elementos: O Espírito Santo, a palavra de Deus e a vontade do homem que consente. Para ele a natureza do homem não é tão depravada que não pudesse decidir-se a favor ou contra a ação do Espírito Santo. Só assim, diz Melanchthon, se explica por que Davi se salva e Saul se perde. A diferença está na conduta de ambos.

A Fórmula de Concórdia condena o erro do sinergismo no artigo "Do Livre Arbítrio".

Do livro "Cremos, por isso também falamos. Fórmula de Concórdia", de Otto A. Goerl, publicado pela Concórdia SA em maio de 1977.

0 comentários:

Postar um comentário

Atenção: Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica será prontamente banida. Todos os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, de maneira alguma, a posição do autor do blog. Reservo-me o direito de excluir qualquer comentário que julgar inoportuno.